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Prefeitura avançará com informatização dos serviços

A informatização de diversos setores da Prefeitura, com o objetivo de reduzir problemas como a burocracia dos serviços públicos, é um dos compromissos da atual Administração Municipal, que tem o prefeito Dário Saadi (Republicanos) à frente. A informação é do vice-prefeito Wanderley de Almeida (PSB), conhecido como Wandão. “Sempre dá pra melhorar, e acho que a informatização que o Dário está propondo para todas as áreas é um caminho. O Jonas [Donizette, antecessor de Saadi] começou isso, e várias coisas aconteceram na gestão dele. Nós também temos esse compromisso com a cidade, inclusive para facilitar a vida de quem quer empreender aqui”, afirmou.
Nada trivial, o desafio ganha ainda mais proporção diante das crescentes demandas geradas pela pandemia de covid-19, como admite o próprio Wandão. “Imagina-se que a pandemia pode ser resolvida na primeira medida adotada pelo governo, mas o tempo está mostrando que não é assim que as coisas funcionam. É algo que a gente não tem como mensurar. Não se sabe até onde a pandemia pode chegar”, avaliou o vice-prefeito.
Além de ocupar a segunda posição no Executivo, Wandão retornou à Secretaria de Relações Institucionais, da qual foi titular de 2013 a junho de 2020, durante o mandato de Jonas Donizette. Atualmente, também é presidente do PSB, partido ao qual é filiado desde 1984 e no qual ocupou diferentes cargos, inclusive de secretário da Juventude Socialista. Embora tenha uma longa experiência na política, essa foi a primeira disputa eleitoral da qual participou. Em visita ao presidente-executivo do Grupo RAC, Ítalo Hamilton Barioni, Wandão falou sobre os principais desafios que a Prefeitura deverá enfrentar.
A pandemia está na raiz de crises profundas, como a da saúde e a econômica. Como o senhor avalia a atuação da atual Administração frente a essas questões?
O que está sendo demonstrado por experiências tanto no Brasil quanto no exterior é que a única medida eficaz, que dá resultado contra a covid-19, é o isolamento social. O problema é o impacto que a medida provoca principalmente nas atividades comerciais. O prefeito tem agido com muito equilíbrio. Nossa equipe, que é formada por profissionais experimentados, também tem agido com muito equilíbrio. Nossos profissionais de saúde têm ido além do limite. A meu ver, há somente uma medida que vai surtir efeito. É a população se conscientizar que a pandemia é grave, porque uma parte perdeu o respeito pela doença e aprendeu a conviver com ela. Com isso, estamos pagando um preço caro. É preciso ter consciência da gravidade do momento em que estamos vivendo. Em conversa recente com o secretario de Saúde, falamos sobre isso. Abrimos 24 leitos no PS Metropolitano, e em menos de 24 horas todos foram ocupados. Então, é um momento que apenas a decisão governamental não vai resolver.
A Prefeitura abriu novos leitos, mas a demanda por eles é alta e em crescimento. O senhor acha que o que foi feito é suficiente?
O problema é isso. A demanda está num nível que o leito por si só não resolve. As medidas de restrição que estão sendo tomadas são necessárias, por mais que doa no dono bar, no dono do restaurante, no dono da loja. Eu acho que, para o governante, a vida ainda é a prioridade absoluta. A gente vai ver como a economia precisa ser tratada depois. Não tem como não colocar a vida em primeiro plano, principalmente para o prefeito que é médico. Então, você me questiona sobre as medidas. Não importam quais serão as medidas da Prefeitura, se a população não entender a gravidade do momento. Disso depende o sucesso do controle da doença.
Mesmo depois do anúncio do toque de recolher, ainda é possível encontrar comércios funcionando com meia porta, principalmente nas regiões periféricas. Como estão sendo feitas as fiscalizações, para inibir esse comportamento?
Existe a fiscalização tanto da nossa parte, quanto da parte do Estado. Tem a vigilância do município, tem a vigilância do Estado. Tem a Guarda Municipal e tem a Polícia Militar. Ocorre que a cidade tem 800 quilômetros quadrados. São 1,2 milhão habitantes. Por isso que eu digo que se não houver o entendimento da população, é difícil as medidas surtirem o resultado desejado. Isso não quer dizer que vamos deixar de fazer o que tem que ser feito.
Mas vai ser aplicada uma multa a quem for pego circulando fora do horário determinado?
A circulação de pessoas será fiscalizada pela Polícia Militar. Em relação às atividades comerciais que estão proibidas, mas que estão funcionando, adotamos dois procedimentos. Primeiro, orientamos a fechar. Em um segundo momento, multamos.
Existe uma estimativa de quanto a Prefeitura já gastou nesse combate à pandemia?
A gente não tem esse número fechado, mas o que eu posso falar é que o custo de um leito individual, um leito de UTI hoje, está em torno de R$ 2,4 mil por dia. No ano passado, somente um paciente ficou internado durante 89 dias. Isso dá a dimensão dos custos relacionados ao combate à covid. Acontece que tratamos de pacientes com outras doenças também, e em alguns casos ocorre de ficarem desassistidos. No ano passado, o governo federal ajudou o município financeiramente. O governo do Estado também ajudou. Este ano, salvo alguma coisa que eu ainda não tenha tido acesso, nós ainda não tivemos por parte do governo federal ajuda como ano passado, mas tivemos o comprometimento deles que isso vai acontecer. Há a promessa de que os leitos habilitados serão custeados pelo governo federal, mas eles também estão com problema de orçamento.
Hoje é possível prever quando toda a população de Campinas apta a receber a vacina estará imunizada?
O Município é totalmente dependente na questão da imunização. A gente não tem como falar para a população: “olha, nós vamos ampliar a cobertura por iniciativa nossa”. Agora, tem uma iniciativa que a Frente Nacional de Prefeitos está tomando, que é criar um consórcio de municípios para tentar adquirir a vacina, mas o problema está na produção do imunizante. A produção da Fiocruz e do Butantã já está comprada para os próximos meses. Então, a gente dependente do calendário que o Programa Nacional de Imunização vai impor.
Na última semana, a Câmara aprovou a entrada de Campinas no consórcio. Qual é a próxima etapa agora?
Tem um termo que vai precisar ser assinado com a Frente Nacional de Prefeitos, mas depende dessa autorização do Legislativo. O consórcio, com a proporção que tomou, com a participação de mais de dois mil municípios, adquiriu um poder de compra enorme. Eu acho que a iniciativa é importante, mas a limitação da produção da vacina ainda é o maior desafio para todo mundo.
Campinas já foi considerada um importante polo artístico e cultural, mas vem perdendo essa característica. A cidade carece de espaços culturais. Alguns deles estão fechados há anos aguardando reformas. Como a Prefeitura está lidando com esta questão?
Todo segmento tem problema atualmente, mas com certeza o segmento cultural é um dos mais afetados. A atividade cultural está penalizada. Temos os teatros do Centro de Convivência e o Castro Mendes, mas há muitos outros espaços culturais, como as casas de cultura, que são gestão municipal, embora tenham convênios com a cultura e projetos aprovados no Fundo de Incentivo. Eu reconheço que o problema do Centro de Convivência é algo que se arrastou por muito tempo, mas está solucionado. Está em obras e a cidade vai receber o teatro de volta, recuperado.
Sobre a manutenção da cidade, a população reclama muito de ruas esburacadas, praças deterioradas, terrenos tomados pelo mato. Um homem morreu eletrocutado na Lagoa do Taquaral porque o sistema de iluminação apresentava deficiência. Qual o plano da Prefeitura para recuperar a cidade?
A manutenção da cidade é feita pela Secretaria de Serviços Públicos. No inicio da pandemia, no ano passado, a Pasta perdeu oitocentos homens, que são os reeducandos que trabalhavam no corte do mato e em manutenção de praças. Por causa da pandemia, por medida de segurança, eles não puderam mais fazer esse trabalho. Além disso, todo verão é a mesma coisa: de dezembro a fevereiro, sempre vai ter mato ato porque são meses de chuva. Estamos finalizando agora o contrato com uma empresa que vai suprir parte dessa mão de obra. São cerca de duzentos a trezentos homens. A licitação já foi feita, está na fase de documentação. Quanto às praças de esportes, o problema é a falta de cuidado. Existem alguns casos em que dois dias depois da reforma, a praça foi depredada. Lamento a morte do rapaz na Lagoa. Foi uma fatalidade. É algo que a manutenção preventiva poderia ter corrigido? Poderia, mas é uma fatalidade, porque não é algo comum alguém receber uma descarga elétrica em uma área de esporte da cidade.
O senhor atua há bastante tempo na política campineira, desde os tempos de juventude. Hoje, ocupa o cargo de vice-prefeito da cidade. Qual a sua pretensão política? Tornar-se prefeito ou deputado?
Tenho três décadas pelo menos de militância política e tenho também quase três décadas como dirigente partidário. Mas esta foi a primeira disputa eleitoral minha, nunca disputei uma eleição. Trabalhei em diversas candidaturas, com vários políticos, mas é minha primeira eleição. Hoje, minha pretensão é cumprir o meu mandato. A cidade me elegeu junto com o Dário. O Dário me escolheu para continuar secretário. Então, minha pretensão é ajudar o prefeito a viabilizar a gestão dele. Quero ajudá-lo na gestão da cidade. Eu não tenho outra pretensão política a não ser cumprir o mandato que a cidade me conferiu.
A Administração sinalizou que formularia uma política para estimular pagamentos de tributos atrasados. Como melhorar a arrecadação? Adriana Flosi, secretária de Desenvolvimento e Renda de Campinas, disse ao Correio que é difícil empreender na cidade e defendeu a necessidade da adoção de medidas para facilitar a instalação de empresas no Município. Qual sua opinião a respeito?
O Dário está muito empenhado, e a gente assumiu isso, se comprometeu com a cidade. Vamos buscar a informatização de vários setores da Prefeitura. Agora, com todo respeito à Adriana, não concordo com ela em algumas questões. Não é que a cidade é burocrática. A burocracia é do serviço público. É bem verdade que o serviço público tem suas regras, suas travas, mas o projeto precisa estar de acordo com a legislação para que não tenha problema. Ninguém vai conseguir barrar algo que está efetivamente dentro da regra. Não discordo que as dificuldades existam. Isso é inerente ao serviço público, mas não acho que Campinas seja uma cidade que afugente tanto assim, porque senão a gente não seria a cidade que nós somos. Sempre dá pra melhorar, e acho que a informatização que o Dário está propondo para todas as áreas é um caminho.

Campinas é hoje um polo de tecnologia e, há algum tempo, vem sendo discutida a criação do Hub Internacional de Desenvolvimento Sustentável (HIDS), que tem a Prefeitura como ator importante. Existe uma perspectiva sobre como isso vai funcionar? Como vão ser conduzidas as conversações com as empresas da área de tecnologia? Existe a necessidade de se criar uma legislação específica?

Existem as tratativas. Campinas tem uma característica própria, que é a questão tecnológica. Não é à toa que esse projeto está sendo desenvolvido aqui. Eu diria que Campinas já tem isso por excelência, já somos a capital da tecnologia. Agora, o que depender do município, vai ser feito para atrair para cá essas empresas, mas nesse momento a coisa está na fase de elaboração. Estarmos vivendo em um momento atípico, mas eu tenho muita esperança que isso vai avançar.