
14 mar Em evento sobre urbanismo, Secretaria de Planejamento apresenta o PIDS/Ciatec 2 para incorporadoras e empresários
Na última sexta-feira, dia 11 de março, a Secretaria de Planejamento e Urbanismo da cidade de Campinas apresentou o projeto do Polo Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (PIDS) para representantes de incorporadores, do setor imobiliários e empresários no evento “Urbanismo inovador: um passo para o desenvolvimento sustentável”, organizado com apoio da Secovi/SP, Sindicato do Mercado Imobiliário, e do SindusCon/SP, Sindicato da Construção Civil. O PIDS abrange toda a área do Ciatec 2 e que foi ampliado será regido por uma nova lei de uso e ocupação do solo, permitindo a construção de residências e de empreendimentos comerciais. Idealizado nos anos 1970 para ser um parque tecnológico, hoje o Ciatec 2 só pode abrigar empresas. “Esta é uma área estratégica para o desenvolvimento da cidade, que anseia por uma legislação que favoreça o seu crescimento”, destacou o prefeito Dario Saadi na abertura do Seminário. O Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS) faz parte do PIDS.
A Secretária de Planejamento e Urbanismo, Carolina Baracat Lazinho, afirmou que a intenção da Prefeitura é induzir o desenvolvimento de um bairro planejado a partir de um conceito de urbanização orientada inovação e pelo desenvolvimento sustentável, que inclui respeito ao meio ambiente, gentilezas urbanas e a criação de espaços que fomentem a criatividade. “Queremos gerar espaços de fruição pública e trabalhar a cidade para as pessoas, priorizando o pedestre”, disse.

A Secretária de Planejamento de Campinas, Carolina Baracat, fala sobre o PIDS em evento que reuniu representantes de incorporadoras na última sexta-feira, dia 11 de março
Na primeira parte do evento, foram apresentadas experiências nacionais de bairros planejados. O engenheiro Maurício Barbosa falou sobre a cidade criativa Pedra Branca, um empreendimento na cidade de Palhoça, Grande Florianópolis, em Santa Catarina. A história da Pedra Branca começa no final da década de 90, quando se planejou a transformação de uma fazenda familiar. Desde o seu início o bairro teve como grande âncora a Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), que se instalou na área da antiga Fazenda. “O conceito que norteou a criação do bairro foi o urbanismo para pessoas, por isso, além da Universidade, o Pedra Branca tem escolas, área comercial e serviços de lazer”, contou Barbosa. Partindo de critérios adotados para a localização de moradias, comércio, serviços, lazer, trabalho e educação, a distâncias confortáveis para serem percorridas a pé ou de bicicleta. O empreendimento também oferece uma diversidade de produtos imobiliários que inclui residências para estudantes, “sênior living” e imóveis para aluguel de curta duração. “Acreditamos que quanto maior a diversidade, melhor é a cidade”, disse. As casas não têm muros e os apartamentos térreos estão conectados com a rua. Ainda segundo o engenheiro, muitas pessoas de fora vêm desfrutar dos parques, praças e lagos que o bairro oferece.
Os arquitetos Carina Cury e Alan Cury, da Comurb, empresa que desenvolve projetos urbanos e que tem sede em Campinas, falaram sobre a importância de criar cidades policêntricas, dando como exemplo o projeto do Swiss Park Campinas. Eles destacaram a adoção do uso misto, ciclovias, fachada ativa e diversidade de oferta de imóveis como fundamentais para a qualidade de vida nas cidades. “Em nossos projetos estimulamos o respeito ao meio ambiente por meio da criação de parques, sistemas de lazer no entorno de áreas verdes e da disponibilização de serviços para reduzir os deslocamentos pendulares”, explicaram os arquitetos.
O arquiteto Hélio Mitica Neto, da Area Urbanismo, trouxe o conceito de “Bairros Parque”. Segundo ele, estes projetos trazem uma importante mudança de cultura porque não se trata de oferecer terrenos em condomínios fechados. “Ofertamos a possibilidade de viver em um bairro planejado, urbano, aberto, conectado, com áreas verdes e com qualidade de vida”, afirmou. Segundo ele, hoje há oportunidades para estes projetos em todo o país. Ele deu como exemplo o Jardim das Perdizes, na capital. Entre os diferenciais do bairro estão as ruas acalmadas, que favorece a permanência do pedestre em detrimento do carro, centros de comércio e a existência de parques que estimulam o encontro entre as pessoas e a integração com o restante da cidade. “Projeto de bairros parque buscam vender uma experiência de vida, trazendo a ideia de organizar a vida das pessoas de forma aberta e integrada à cidade”, disse o arquiteto.
Para a Secretária de Planejamento de Campinas, Carolina Baracat, o seminário foi uma oportunidade de refletir sobre o que se espera de um território como o Ciatec 2. “Temos uma oportunidade de quebrar alguns paradigmas por meio do PIDS”, disse. Segundo ela, a região tem demandas desafiadoras como a melhoria do sistema viário, infraestrutura, oferta de comércio e serviços, moradia para atender o perfil do Polo, redução do fluxo de veículos no entorno do CNPEM e maior integração com a cidade. A partir da revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo, o Polo poderá receber empreendimentos de pesquisa e desenvolvimento, incubadoras, laboratórios de prototipagem, empresas relacionadas à inovação, sustentabilidade e tecnologia, mas também poderá ter serviços de hotelaria, comércio, serviços de apoio e habitação.
A elaboração do projeto de lei contou com contribuições da Especialização oferecida da FECFAU da Unicamp, que aconteceu ao longo de 2020 e 2021, e teve como foco estudos sobre o HIDS. Entre os conceitos incorporados no projeto, que foram citados pela Secretária de Planejamento, estão o uso misto, valorização dos espaços públicos, priorização do pedestre, transporte público não poluente, valorização do patrimônio, infraestrutura verde (por meio de um parque público ao longo do Ribeirão Anhumas), habitação de interesse social, áreas de cultura e lazer e edificações sustentáveis. “O projeto de lei está sendo submetido agora, antes da finalização dos estudos feitos no âmbito do projeto do BID porque consideramos urgente repensar o modelo de zoneamento do território do Ciatec 2. Quando o projeto do HIDS estiver pronto, poderemos fazer adequações na lei”, afirmou.
Os presentes no evento foram convidados a enviar comentários e sugestões ao Projeto de Lei para a Secretaria de Planejamento e Urbanismo, por meio deste link. Antes de ser encaminhado à Câmara do Vereadores de Campinas, o projeto será apresentado em audiências públicas.
Por Patricia Mariuzzo