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HIDS deve ser um centro de excelência em sustentabilidade

Um centro de excelência em sustentabilidade, com forte interseção entre ciência e tecnologia, capaz de abordar temas estratégicos para o Estado de São Paulo, especialmente na área de energia renovável. Essa é a visão da Secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Patricia Ellen, para o HIDS. Em uma reunião que aconteceu de forma virtual no dia 02 de dezembro, ela e outros 13 representantes das instituições que compõem o Conselho Fundador do HIDS discutiram as diretrizes do Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável, HIDS. Além do governo do Estado de São Paulo, participam do Conselho do HIDS: a Prefeitura Municipal de Campinas, Unicamp, PUC-Campinas, Facamp, CNPEM, Embrapa, CPQD, Instituto ELDORADO, TRB Pharma, Cariba Incorporadora (Global Tech), Cargill, CPFL e Sanasa.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) está apoiando a elaboração de um master plan para o HIDS. Com visão de longo prazo, este documento vai orientar o crescimento e o desenvolvimento do território do HIDS, com recomendações e propostas para a população, a economia, habitação, transporte, instalações e uso da terra. A área de planejamento tem aproximadamente 11 milhões de m2, englobando o campus da Unicamp, da PUC-Campinas, Facamp, Instituto ELDORADO e todo o Polo de Tecnologia de Campinas (Ciatec 2).  “A ideia de criar esse Hub está ligada à uma agenda mundial de desenvolvimento sustentável. Não se trata de criar um parque tecnológico ou uma área de proteção ambiental, mas de estabelecer um planejamento urbano integrado à natureza e aos valores ambientais”, afirmou Marco Aurelio Pinheiro Lima, diretor da DEPI (Diretoria Executiva de Planejamento Integrado), que coordena o projeto na Unicamp.  “Para nós o HIDS é uma oportunidade de consolidar os compromissos do Estado de São Paulo com o Acordo de Paris. Esperamos que ele consiga estabelecer um ecossistema de inovação aberta, com forte envolvimento da sociedade civil”, salientou Patricia Ellen.

Inteligente e sustentável – Corroborando a visão do governo estadual, o representante da Prefeitura de Campinas, Carlos Passos, afirmou que o HIDS fortalece os ativos de Campinas para atingir os objetivos da Agenda 2030. “Ele também pode ajudar a cidade de Campinas a cumprir as metas do Plano de Cidade Inteligente, promover a integração entre os atores de ciência, tecnologia e inovação da cidade – pela presença de universidades, institutos de pesquisa e empresas em seu território – fortalecer o ecossistema de inovação (ao atrair investimentos e novas empresas) e incrementar o turismo de negócios”, disse. O assessor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico também destacou que o prefeito eleito de Campinas, Dario Saadi, que toma posse em 1º de janeiro de 2021, vai assumir os compromissos da Prefeitura com o HIDS e dar continuidade ao projeto.

A visão da PUC-Campinas é que o HIDS deve se desenvolver como um ecossistema de desenvolvimento sustentável, mas sem perder de vista o aspecto financeiro. “Em uma perspectiva ampla, pensamos que o HIDS deve ter um desenho urbanístico exemplar para o país e com um modelo econômico de vanguarda. Não pode ser só um parque tecnológico porque isso restringe as expectativas”, afirmou o reitor da PUC-Campinas, professor Germano Rigacci. Segundo ele, o HIDS vem ao encontro das atividades-fim da PUC-Campinas. “Nós consideramos fortemente participar de projetos de pesquisa com as outras instituições, ampliando as parcerias da comunidade universitária da PUC, em projetos de alto impacto para a sociedade”, complementou o reitor.

Para a Facamp, o HIDS tem como principais propostas de valor reforçar as relações institucionais dessa instituição e ampliar sua capacidade de internalizar ações de sustentabilidade. Seu diretor, Rodrigo Sabbattini, também declarou o interesse da instituição em se engajar nos laboratórios vivos de forma a aproveitar a experiência da Facamp tanto no relacionamento com as empresas, quanto em parcerias internacionais e para valorizar a formação diferenciada de seus alunos. Ele destacou a necessidade de proteger o HIDS de processos de especulação imobiliária. “Todos ganharemos se o HIDS for, de fato, um projeto de desenvolvimento sustentável”, disse.

Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, salientou que a Unicamp vê o HIDS como uma grande oportunidade para a cidade estabelecer mais sinergias e de desenvolver laboratórios vivos que possam resultar em novas tecnologias. Segundo ele, Campinas tem grande potencial de atrair investimentos que podem beneficiar todos os atores.

Temas estratégicos – Mais do que um ambiente de desenvolvimento tecnológico, o HIDS deve ser um espaço de experimentação social e de engajamento da vida cotidiana na região. “Nós acreditamos que o conceito 15-minutes city pode funcionar no HIDS, ou seja, em 15 ou 20 minutos a pessoa consegue acessar serviços básicos: transporte, alimentação, trabalho e lazer. O HIDS deve ser um ecossistema de PD&I em prol dos pilares social, ambiental e econômico, fundamentais para o desenvolvimento de uma cidade inteligente e para atingir as metas do desenvolvimento social”, disse Maurício Casotti, responsável pela estratégia de cidades inteligentes do CPQD.

Para Roberto Soboll, superintendente do Instituto ELDORADO, o HIDS representa uma grande oportunidade de transformar a região de Campinas em um grande cluster de inovação, com o hub atuando como um agente de articulação e integração. “Aqui já existem universidades, institutos de pesquisa e empresas, mas temos que trazer aceleradoras, startups e atrair grandes empresas”. Ele mencionou ainda a possibilidade do HIDS ser uma alavanca para tornar Campinas um hub de talentos em TIC. “Isso é extremamente relevante quando consideramos o intenso processo de transformação digital que estamos vivendo, seja nas cidades, seja na indústria. E falta gente capacitada”, acrescentou.

A transformação da sociedade e das empresas também foi mencionada pelo diretor do Centro de Desenvolvimento da Cargill América Latina, Carlos Prax. “O HIDS pode alavancar parcerias entre as instituições que já estão presentes no território e, com isso, colocar nossa cidade em posição de vanguarda para enfrentar as mudanças e transformações que assistimos hoje”, afirmou. De acordo com ele, o HIDS pode ainda ser uma porta de entrada para parceiros na área de alimentos e agronegócio, com forte potencial de gerar novos negócios.

A presença da Embrapa no Conselho Consultivo do HIDS também deve impulsionar projetos na área do agronegócio. Segundo Vitor Mondo, chefe-adjunto do setor de transferência de tecnologia da Embrapa Informática, a empresa tem um forte rede de relacionamento no setor agropecuário e adjacências, uma estrutura de PD&I relacionada à gestão de territórios, agricultura digital e gestão do meio ambiente e da inovação. “O HIDS pode se beneficiar dessa rede e desse conhecimento”, afirmou.

Segundo o diretor-geral do CNPEM e do Projeto Sirius, José Roque, em um centro de pesquisa com equipamentos únicos na área de biotecnologia como o CNPEM, há grandes diferenciais que podem ser importantes em desenhos de interação. “Já temos regras para interagir com a comunidade e com o sistema nacional de ciência e tecnologia. Com certeza, participar da criação de um ecossistema de inovação na área de biotecnologia é um dos grandes interesses do CNPEM”, afirmou.

Novos modelos – No entanto, de acordo com o vice-presidente da TRB Pharma, Paulo Dallari, para tornar essas visões realidade é fundamental repensar as regras para parcerias e de relação universidade-empresa. “O HIDS pode ajudar a agilizar as parcerias da TRB Pharma com as universidades, sendo um ponto de apoio”, disse Dallari. Ele expressou otimismo com o projeto e a expectativa de maior integração entre os atores, apoio na flexibilização das regras de patentes de produtos, para ter maior poder de negociação junto aos órgãos competentes.

Localizado no Ciatec 2, o Global Tech é um condomínio de empresas que foi pensado como um microambiente para abrigar empresas de pesquisa, de TI, startups, laboratórios, buscando estimular sinergias.  “É isso que eu imagino como base das atividades que estarão no HIDS: instituições de pesquisa, comércio, serviços, concessionárias de infraestrutura, moradia e mobilidade”, afirmou Franklin Gindler, presidente da Cariba Incorporadora, proprietária do Global Tech. Entretanto, para criar o distrito inteligente e sustentável que estamos imaginando, temos sair do desenvolvimento imobiliário convencional. Nesse sentido, eu acredito que podemos contribuir muito na execução do master plan”, disse. Ele mencionou ainda que o modelo jurídico e o modelo de negócios que estão sendo elaborados pelas equipes de planejamento do HIDS serão fundamentais.

Paralelamente à construção desses novos modelos e à elaboração do projeto físico-espacial, o Conselho Consultivo do HIDS iniciou discussões para alavancar as atividades do HIDS no curto prazo. O reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, propôs construir estratégias que permitam receber investimentos e a entrada de empresas desde já. Nesse sentido, o projeto do HIDS foi apresentado à nova diretoria científica da Fapesp com objetivo de encontrar linhas de fomento para impulsionar a criação de laboratórios vivos. Outra sugestão seria formalizar uma parceria com a Fundação Fórum Campinas Inovadora (FFCi), da qual várias instituições do Conselho já fazem parte, para dar segurança jurídica e de governança para o HIDS, além de viabilizar investimentos e facilitar parcerias.

Clique a seguir para ler a ata da 5ª reunião do Conselho Consultivo do HIDS.

Por Patricia Mariuzzo

Crédito da Imagem: Portal do Governo do Estado de São Paulo