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HIDS é tema de reportagem do jornal Correio Popular

O HIDS foi tema de uma reportagem no jornal Correio Popular no dia 18/07.

O texto destaca a articulação entre diversas instituições em prol do desenvolvimento sustentável.

Leia a reportagem completa abaixo:

Combinação de ideias pelo desenvolvimento sustentável

Por Adriana Giachinni

A autossuficiência em energia limpa de HafenCity (Hamburgo), na Alemanha; a economia circular de Kalundborg, na Dinamarca; ou a tecnologia disruptiva em saúde de Surrey, no Canadá, são exemplos de projetos que inspiram o professor doutor Marco Aurélio Pinheiro Lima, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em seu trabalho para a concretização do projeto “Hub Internacional para Desenvolvimento Sustentável (HIDS)”, coordenado por ele, e em desenvolvimento pela universidade e parceiros.

Explica-se. Em 2013, a Unicamp adquiriu a Fazenda Argentina, cuja área de 1,4 milhão de metros quadrados representa um acréscimo de aproximadamente 60% ao campus da instituição em Campinas. Porém, junto com a extensão territorial surgiu um questionamento: como usar o espaço de modo a contribuir com o processo de desenvolvimento sustentável, agregar esforços nacionais e internacionais na produção de conhecimento, tecnologias inovadoras e a educação das futuras gerações, e tornar possível superar as fragilidades sociais, econômicas e ambientais de nossa sociedade contemporânea?

A resposta, tão complexa quanto à pergunta, vem sendo construída passo a passo com o objetivo de, em um futuro não muito distante, incluir Campinas na rota mundial de projetos-referência no tema, a exemplo dos citados acima.

“Na verdade, a expansão da área trouxe para a Unicamp um grande desafio: o de se mostrar conectada com toda a questão da sustentabilidade no mundo. O questionamento era não fazer simplesmente uma extensão do campus, mas trazer para aquela área uma proposta criativa e inovadora, como é o papel da Universidade, com a missão de aproximar a comunidade para perto da universidade”, conta Lima.

De acordo com o professor, em um primeiro momento, o projeto estaria focado em algo que debatesse o uso consciente de energia. Depois ganhou a abertura para novas ideias, adequadas aos 17 objetivos da ONU, definidos em 2015 (para serem alcançados até 2030). Somou-se ainda uma inquietação com a velocidade da chamada “revolução tecnológica”.

“As tecnologias disruptivas tiveram uma grande influência nas eleições presidenciais de países como Brasil, EUA e Índia. O domínio das redes sociais não pode ser ignorado, da mesma maneira que precisamos falar de controle de dados, de saúde do futuro, da possibilidade de um chip implantando em nosso corpo para diagnóstico mais rápido. Toda essa revolução tecnológica tem que acontecer dentro de um conceito de sustentabilidade. Caso contrário, as alterações climáticas poderão ter resultados catastróficos”.

União faz a força! – Para o professor, o HIDS tem como diferencial justamente essa “abertura” de olhares. Não à toa, o projeto vem sendo construído por meio de parcerias com toda a cidade. E apesar de originalmente pensado como uma estrutura a ser criada somente na Fazenda Argentina, compreende todo o Polo II do Ciatec e os campi da PUC-Campinas e da Unicamp, sob a coordenação da Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (DEPI), com representantes das Universidades, das empresas e da administração pública, da qual Lima é o diretor.

A evolução do HIDS, inclusive, vem despertando interesse internacional. Está em fase de aprovação um financiamento, no valor de US$ 1 milhão, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a fundo perdido, para a construção do masterplan de toda a área — compreendia em 11,3 milhões de metros quadrados.

Aliás, dentro da própria Unicamp, diversos Institutos têm dado sua contribuição em ideias para a criação de “campus sustentável”, até 2021. Entre as possibilidades estaria o uso de transporte elétrico para os alunos, com limitação da circulação de carros.

A inauguração, recentemente, do novo sistema de energia do Ginásio de Esportes, 100% fotovoltaico, também deve ser utilizada dentro dos projetos do HIDS. Outro exemplo é a parceria com a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC). Por meio dela, os alunos do 8º semestre, em 2018, elaboraram, dentro da disciplina “complexidade”, projetos masterplan para a área da Fazenda Argentina.

Este ano, a didática será repetida, mas para a área toda. “Com os resultados organizamos uma exposição na Biblioteca Central da Unicamp, com maquetes, planos e propostas utilizando inclusive conhecimento de outras disciplinas, com um olhar muito bacana até mesmo para quadradas urbanas, levando em conta edifícios, a caminhabilidade das ruas, com ciclovias e ciclofaixas, atrativos para caminhadas”, conta a professora Gabriela Celani.

Em paralelo, a administração pública estuda leis de zoneamento. Também CPFL e Sanasa estão no projeto com o desafio de apresentarem propostas sustentáveis, em suas respectivas áreas. “Temos inúmeras ideias. Fontes renováveis, programas para redução de lixo zero, redução da pegada de carbono, mas quando me perguntam qual a maior contribuição eu digo que é a educação para as novas gerações. Toda essa discussão, dentro da Universidade, tem a responsabilidade uma nova visão. Por isso é muito importante que este seja um projeto de todos, e não de uma administração, de um reitor”, conclui Lima.

SAIBA MAIS – Maior projeto de revitalização urbana da Europa, previsto para estar concluído até 2030, HafenCity é um bairro de 2,4 milhões de metros quadrados, parte do antigo porto de Hamburgo, cuja revitalização tornou-se necessária após anos e anos de maré alta. Surgiu então, desde 2008, a proposta da criação de uma área autossuficiente, com mais de 70% da energia utilizada de fontes limpas. Seu exemplo mostra que projetos urbanísticos de bairros e distritos sustentáveis do futuro deverão contemplar um arranjo físico-territorial de uso misto, onde as diferentes atividades possam estar integradas às ações econômicas neles exercidas. É neste contexto que o HIDS se baseia.

MISSÃO DO HIDS

1. Atrair e agregar esforços e competências, nacionais e internacionais, para a construção e realização de uma agenda colaborativa de geração de conhecimento, em todas as áreas pertinentes para o desenvolvimento sustentável;

2. Promover geração de conhecimento nos grandes temas, como energia, alimento, saúde, urbanismo, meio ambiente, economia e relações sociais, que permita o desenvolvimento humano pleno, perene e sustentável;

3. Avaliar processos e tecnologias existentes, incubar novos empreendimentos e propor, pela pesquisa e educação, inovações que permitam as transformações necessárias para o desenvolvimento sustentável;

4. Ser uma célula inovadora tendo a Unicamp como centralidade irradiadora de conhecimento para promover, com Campinas e região, a criação de um distrito sustentável modelo (uma semente para uma cidade criativa) com impacto diretor local e regional;

5. Definir e operacionalizar uma governança que viabilize sua missão, por meio de um modelo que o torne sustentável financeira e economicamente

Fonte: http://www.hids.depi.unicamp.br